segunda-feira, 14 de novembro de 2016

‘Senti um alívio tão grande’, diz mulher que fez próprio velório

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No dia 2 de novembro, a dona de casa Vera Lúcia Araújo Silva, de 44 anos, tornou-se dessas celebridades instantâneas – e passageiras – da internet ao conseguir realizar seu sonho de ser velada ainda em vida. Nesta entrevista, ela explica de onde veio a ideia e conta o que sentiu:

 Por que a senhora queria fazer um velório sem ter morrido? Morto não tem essa sensação de entrar no caixão. Morreu, acabou. Então eu queria ter essa sensação ainda em vida. Queria saber o que era estar em um caixão. Enquanto eu viver, irei a velórios e cemitérios porque eu gosto.

E de onde veio essa ideia? Eu sempre gostei muito de velórios, eu vou a todos. Assim que fico sabendo que morreu alguém, eu vou atrás da pessoa e da família. Essa semana mesmo eu fui a um dar uma olhada. Mesmo não conhecendo o morto eu vou. Eu não tenho motivos, simplesmente vem essa vontade. Eu preciso pegar na pessoa senão eu fico três dias pensando nisso.

E o que sentiu deitada dentro do caixão? Quando eu entrei no caixão, pensei que ia ficar triste, chorar, mas não senti nada.  Eu pensei como se eu estivesse deitada na minha cama. Eu senti um alivio tão grande. Não sei por que o pessoal tem tanto medo de caixão. Eu me senti muito bem lá dentro. Não comi nada. Só tomei água, água de coco e chá. Eu cheguei a fazer uma promessa de que se eu conseguisse ficar aquelas nove horas dentro do caixão todo Dia dos Finados eu iria jejuar. Não iria comer nada. Agora eu preciso cumprir.

E como foi depois? Quando eu saí do caixão tiveram que me pegar no braço, porque eu não estava sentindo minhas pernas. Eu acho que como eu fiquei muito tempo deitada e parada, quando me levantei não estava sentindo minhas pernas.

A senhora fez isso só para chamar a atenção? Nunca pensei que chamaria tanta atenção da mídia. Até para fora do Brasil minha imagem foi parar. Um menino que eu conheço, que mora na Itália, disse que viu minha história lá e que se admirou com a minha coragem. Mas teve muitas reações negativas também. Por exemplo, eu fui à casa da minha mãe, e as pessoas falam com ela que eu sou louca, exagerada. Mas minha mãe não tem nada a ver com isso. Ela foi contra, não queria que eu fizesse. As pessoas são muito más.

E como está lidando com a fama? Na nossa cidade nunca aconteceu esse tipo de coisa, de ter gente famosa, de ter a mídia toda aqui procurando por mim. Todo mundo ficou admirado. Às vezes eu estou andando e as pessoas falam: “Olha lá a morta-viva andando”. Elas pedem para tirar foto comigo. Eu estou até dando autógrafos. É muito bom ser famosa. É muito bom ser reconhecido. Eu gostei muito. Gostei não, amei.

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