quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Brechas na legislação eleitoral permitem que Lula concorra ao cargo, com posse de uma liminar judicial, e consiga, caso seja eleito, tomar posse como presidente do país

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está impedido de disputar as eleições em outubro deste ano. Já anunciado pelo PT como pré-candidato ao pleito, segundo especialistas, o que poderá retirá-lo da disputa é a conclusão da análise de embargos de declaração ou infringentes, que devem ser apresentados pela defesa do líder-mor petista, a partir da quantidade de votos que receberá no pleno do Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF). 

Sendo condenado por unanimidade, a defesa poderá ingressar apenas com embargos de declaração, que tem a tramitação mais célere e no próprio TRF4, mas se for por maioria dos votos cabem embargos infringentes e a tramitação desses recursos dura entre seis meses e um ano e o registro das candidaturas eleitorais acontece em agosto. 

Entretanto, segundo o especialista em direito criminal Paulo Pimentel, ainda que a apelação do ex-presidente seja negada nos dois moldes há brechas na legislação que permitem a ida dele para a disputa nas urnas. 

“De acordo com a ficha limpa ele não poderá se candidatar se todos os recursos existentes tiverem sido julgados e negados… Mas existe na legislação eleitoral a possibilidade de Lula obter uma liminar que tenha força de suspender a sua cassação, caso antes de agosto ele seja condenado e obtenha uma liminar no Tribunal Superior Eleitoral ele pode sim se candidatar”, explicou. 
Paulo Pimentel deixou claro que com a posse dessa eventual liminar o ex-presidente poderá, inclusive, assumir o comando do país caso obtenha a maioria dos votos e seja eleito em outubro. 
“Se a liminar cair e ele for eleito, essa cassação só vai até a diplomação que ocorrerá em dezembro. Ocorrendo a diplomação e ele sendo condenado, com recurso no STF, pode tomar posse e somente sairá do mandato caso haja um novo processo pedindo a cassação do seu mandato, como aconteceu recentemente com o presidente Michel Temer”, destrinchou. “Ele se tornaria o segundo presidente ficha suja. O primeiro foi Michel Temer, acrescentou Paulo Pimentel. 

O que pesará, neste contexto, é a reação do eleitorado diante da possibilidade de se repetir o cenário instável vivido pelo país com Temer. “São variáveis que temos que perceber como o eleitor vai entender isso e como isso vai ser trazido para a eleição. Pode se firmar, por exemplo, um discurso na oposição de que o país poderia correr o risco de ter um presidente que assumiria, mas não terminaria seu mandato”, argumentou a cientista política Priscila Lapa. 

Os argumentos, sob a ótica de Lapa, surtiriam efeitos negativos diante da candidatura de Lula, mesmo com ele liderando as pesquisas de intenções de votos. “Esse discurso da oposição de que votar em Lula é uma escolha incerta ou ainda que ele seja candidato e eleito, o Brasil aguenta ter um presidente que não termine o seu mandato de novo, pode pesar negativamente para Lula”, salientou. 

O PT já afirmou que irá aos aspectos judiciais para garantir a participação do ex-presidente na disputa e vem pregando que uma “eleição sem Lula é fraude”. Outros pré-candidatos e partidos, inclusive, também defendem que o líder-mor petista esteja presente na disputa. 

Processo em julgamento
O TRF4 julga, nesta quarta-feira, os recursos impetrados pelo ex-presidente contra  a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a cumprir 9 anos e 6 meses de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. 


O processo diz respeito a Lava Jato e é referente ao pagamento de propina da empresa OAS, a partir de um triplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Além da detenção, a sentença de Moro também o proíbe de exercer cargos públicos por 7 anos e a pagar uma multa de R$ 669,7 mil.

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