DE BRASÍLIA
Em evento prestigiado por altos integrantes do PMDB e senadores do partido, Garibaldi Alves tomou posse oficialmente como novo ministro da Previdência, e apontou em discurso a necessidade de ajustes pontuais para equilibrar as contas da pasta, em decorrência das dificuldades para a aprovação de uma reforma mais ampla da Previdência Social.
Em discurso, afirmou que, pela primeira vez em sua carreira pública, sentiu-se intimidado.
“Desde a confirmação do meu nome, ao invés de me dar feliz ano novo, as pessoas me falavam que eu ia assumir um abacaxi, que a Previdência é um abacaxi”, afirmou Garibaldi, em tom de brincadeira. “É uma injustiça com o [ex-ministro] Carlos Gabas, pois o Ministério mudou”, disse.
Ele admitiu ser uma tarefa árdua, em decorrência das mudanças demográficas pelas quais o Brasil passa, com o aumento da população idosa em decorrência da maior expectativa de vida, causando dificuldades para equilibrar o pagamento dos benefícios e as formas de financiar o sistema previdenciário.
Garibaldi apontou como dificuldades a necessidade de inclusão de todos os idosos na cobertura previdenciária, a inclusão da parcela da PEA (população economicamente ativa) no regime geral da Previdência (especialmente das pessoas na informalidade), além de um controle mais forte e medidas para evitar sonegação e fraudes.
“Noutra frente, precisamos reforçar e consolidar programas de resgate de créditos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) junto às empresas devedoras”, disse.
O novo ministro também disse que a reforma previdenciária precisa passar por uma grande negociação no Congresso.
“Não é possível realizar de forma abrupta”, ressaltou. Por isso, ele defendeu a necessidade de realizar reformas pontuais, que demandariam menos articulação e poderiam sanar dificuldades. “Ainda estou na fase de estudos, tomando pé da função, então ainda não tenho nenhuma reforma pontual a ser adotada”, afirmou.
Garibaldi ainda agradeceu ao vice-presidente Michel Temer, presente à cerimônia, a quem ele atribuiu o mérito de unir o PMDB. O ministro também atribuiu aos senadores José Sarney e Renan Calheiros, que não compareceram, a sugestão de seu nome para o cargo, agradecendo a confiança da presidente Dilma Rousseff.
“Sei que talvez meu currículo não fosse o que ela desejasse, mas vi hoje na posse do ministro (de Minas e Energia, Edison) Lobão ele afirmando que também não tinha um currículo tão importante naquela área. Espero ser tão bem sucedido quanto ele foi”, afirmou.
Ainda na cerimônia, o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, afirmou que estava pronto para deixar a pasta e assumir a presidência dos Correios, mas foi convencido por Garibaldi a permanecer no ministério, no cargo de secretário-executivo. “Até me disseram que, juntos, podemos formar a dupla ‘gagá’. Mas não será isso, nós vamos trabalhar juntos”, afirmou Gabas, provocando risos na plateia.