Capa do jornal Folha de São Paulo deste domingo, com resultado de pesquisa
É
impressionante o malabarismo do jornal Folha de São Paulo para divulgar a
primeira pesquisa Datafolha após a propagação em vídeo das delações da
Odebrecht e OAS, com a ampliação da liderança do ex-presidente Luís
Inácio Lula da Silva (PT) para 2018.
Embora
registre na manchete, a Folha deu mais destaque ao crescimento de
Bolsonaro (PSC-RJ), que apareceu no segundo lugar, empatado tecnicamente
com a ex-senadora Marina Silva (Rede).
Sobre o
aumento das intenções de votos do petista de 25% ou 26% para 30%, de
acordo com o cenário da pesquisa, só é tratado no 13º parágrafo, logo
após o 12º onde o matutino diz que “o ex-presidente mostra resiliência
enquanto surgem relatos de sua relação com a construtora OAS e tendo a
possibilidade de ficar inelegível se for condenado em duas instâncias na
Lava Jato”.
Como as
delações e o massacre midiático não atingiram Lula, só restou ao jornal
paulista, a um ano de cinco meses das eleições, levantar essa hipótese
como uma espécie de solução contra a sua provável eleição. E apresenta
um levantamento sem o nome do ex-presidente.
No caso dos presidenciáveis tucanos, Aécio Neves e Geraldo Alckmim, a Folha não ventila a
possibilidade de condenação, mas tão somente que o nome do prefeito
paulistano, João Doria, surge como índices mais competitivos, porque os
dois foram atingidos em cheio pelas delações da Lava Jato.
Um outro
aspecto curioso foi o que avaliou o governo Lula como o que mais
registrou corrupção, em um levantamento estimulado sem o nome do
ex-presidente Sarney.
Não é à toa, que a ombudsman da Folha, Paula Cesarino Costa, foi fatídica ao analisar a cobertura tendenciosa do jornal sobre a paralisação nacional contra as reformas trabalhista e previdenciária:
“Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar”.
O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 município, na quarta (26) e quinta (27). A margem de erro é de dois pontos percentuais.