Se dependesse só dele, o deputado
Jair Bolsonaro (PSC-RJ), virtual candidato à Presidência em 2018, levaria, provavelmente, a vida toda para tentar convencer os eleitores de que a sua propalada conversão ao liberalismo econômico é para valer.
Ainda assim, ao final, talvez ele não conseguisse se dissociar totalmente do nacional-desenvolvimentismo, de viés estatizante, que marcou a sua trajetória política, cujos traços ainda estão presentes em suas declarações mais recentes sobre a economia.
Mas, na semana passada, a guinada liberal de Bolsonaro recebeu um impulso inesperado. De repente, deixou de ser apenas um discurso eleitoreiro para ganhar mais consistência.
Ao revelar que estava “namorando” com o economista Paulo Guedes e que ele poderá ser seu ministro da Fazenda caso vença as eleições, Bolsonaro conseguiu criar um fato novo, que pode lhe render preciosos dividendos em sua tentativa de se apresentar como um “cristão novo” do liberalismo. Pode representar também um atalho importante para ele conquistar parte da classe média e da direita liberal, que resistem à sua candidatura.
É difícil dizer, hoje, se esse “noivado hétero”, como afirmou Bolsonaro, ou o “encontro da ordem com o progresso”, como declarou Paulo Guedes, vai virar casamento. Alguns analistas, como o economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e hoje responsável pela fundação do Partido Novo, dizem que Guedes “conversa com todo mundo” e que os contatos com Bolsonaro darão em nada.