Brasília (DF), 29 de setembro
de 2017 - O pesquisador Bruno Vaz, do Instituto de
Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBREF/GV), acredita que a Reforma
Trabalhista irá beneficiar mulheres no mercado de trabalho, pela flexibilidade
de horários propostos no texto. A afirmação foi feita em palestra nesta
quinta-feira (28), durante o "Seminário Nacional Reforma Trabalhista |
Desafios - Resistência", realizado pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Asseio e Conservação (CONASCON), em Brasília (DF).
O pesquisador afirma ainda que
a mulher de baixa renda que é mãe hoje não consegue fazer uma jornada de 40
horas semanais de trabalho, pois a maioria das creches públicas só funcionam
meio período. "Por não ter condições de deixar alguém cuidando do seu filho,
ela não consegue ter tempo para trabalhar. A partir do momento que puder
exercer uma jornada mais flexível e sem comprometer o empregador na Justiça do
Trabalho, essa mãe muda sua perspectiva e ela consegue se inserir no mercado de
trabalho", afirmou Vaz.
Para Moacyr Pereira, presidente da CONASCON, a realidade não
é tão simples assim. O dirigente afirma que outras questões devem ser levadas
em conta, como lactantes amamentando em locais insalubres e redução do tempo de
licença maternidade. "Gerar empregos precários é prejudicial para toda a
cadeia produtiva e expõe a trabalhadora à riscos de saúde. Por que não
qualificá-la e oferecer outros benefícios, como creche dentro das fábricas? Em
países desenvolvidos e que respeitam a legislação, a prática é comum",
afirma. Para ele, o caminho é inverso, deve-se cobrar mais responsabilidade
social do governo. "Devemos é pressionar nossos representantes para que as
creches atendam crianças em tempo integral, como já ocorre em várias cidades do
país", pontuou Moacyr.
As discussões no seminário
continuam nesta sexta-feira (29), durante palestra da advogada Zilmara Alencar,
especialista em Direito Processual que vai abordar os impactos negativos da
Reforma Trabalhista.