O desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal
da 3ª Região (TRF-3), mandou soltar, nesta quarta-feira (15), o
ex-governador de Mato Grosso do Sul André Puccinelli (PMDB), preso na
terça-feira (14), na Operação Papiros de Lama, quinta fase da Operação Lama
Asfáltica, que investiga supostos desvios de R$ 235 milhões em obras com
recursos públicos da União e esquema de propinas de R$ 20 milhões para o
peemedebista.
A decisão é extensiva ao filho do ex-governador, o advogado André
Puccinelli Júnior, que também foi preso na Papiros de Lama através de uma
trapalhada do juiz substituto.
O desembargador deu liminar em pedido de habeas corpus apresentado pelos
defensores dos Puccinelli, os criminalistas Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e
Renê Siufi.
O argumento central da defesa é que a Procuradoria já havia requerido
anteriormente, em maio, a prisão de Puccinelli, medida rejeitada pela Justiça.
Agora, no âmbito da Operação Papiros de Lama, a Procuradoria insistiu no pedido
de prisão do peemedebista, que acabou sendo decretada“Os inquéritos (policiais) estão sendo conduzidos normalmente já há algum
tempo, ele [Puccinelli]
não criou nenhum embaraço, nem ele nem o filho. Além
disso, não há sequer denúncia criminal contra o ex-governador e seu filho”,
pondera Mariz de Oliveira.
O criminalista observa que o inquérito da Polícia Federal que originou a
Operação Papiros de Lama, deflagrada nesta terça, ainda está em curso. “O primeiro
pedido de prisão foi indeferido por um juiz e, agora, sem nenhuma razão,
requereu-se novamente [a prisão] e o juiz substituto deferiu a prisão.”
“Nós, advogados, estranhamos muito essa decisão [decreto de prisão] que
tem caráter meramente político”, assinala Mariz. “O ex-governador está
atualmente sendo cogitado para novamente candidatar-se ao governo de Mato
Grosso do Sul e se apresenta com forte apoio popular, de acordo com as
pesquisas.”