Desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e
a prisão do presidente Lula, no início de 2018, uma sensação geral tomou contou
do imaginário político brasileiro: o cenário de terra arrasada para o campo da
esquerda e da centro-esquerda no país.
As pesquisas de opinião que
apontam para a surpreendente consolidação da extrema-direita através da
candidatura de Jair Bolsonaro pelo PSL também contribuíram para esse clima de
desolação geral à esquerda do espectro político.
Contudo, um olhar com lupa e
uma observação mais refinada das conjunturas estaduais demonstra que a situação
não é exatamente tão desesperadora quanto se supõe. Pelo contrário, essa
análise mais detalhada autoriza, inclusive, certo otimismo para o campo progressista
que inclui legendas como PT, PCdoB, PSB e PDT.
Esse campo político possui
hoje nove governadores com amplas chances de reeleição. São eles: Camilo
Santana (PT) no Ceará; Rui Costa (PT) na Bahia; Wellington Dias (PT) no Piaui;
Fernando Pimentel (PT) em Minas Gerais; Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão; Paulo
Câmara (PSB) em Pernambuco; Rodrigo Rollenberg (PSB) no Distrito Federal;
Waldez Góes (PDT) no Amapá e Amazonino Mendes (PDT) no Amazonas.
O bloco formado por PT, PSB,
PDT e PCdoB também deve apoiar a reeleição de pelo menos três candidatos de
outras legendas como Suely Campos (PP) em Roraima, Belivaldo Chagas (PSD) em
Sergipe e Renan Filho (MDB) em Alagoas.
Há também três governadores
que não poderão tentar a reeleição, mas que possuem candidatos fortes de
sucessão como Marcus Alexandre (PT) no Acre, João Azevedo (PSB) na Paraíba e
Acir Gurgacz (PDT) em Rondônia.
Há, por fim, candidatos de
oposição regional, mas que aparecem muito bem colocados para a disputa como
Kátia Abreu (PDT) no Tocantins, Roberto Requião (MDB) no Paraná, Helder
Barbalho (MDB) no Pará, Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo e Fátima
Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte. Com menor chance aparece a candidatura
oposicionista de Miguel Rossetto (PT) ao governo do Rio Grande do Sul. Mas,
como historicamente o estado nunca reelegeu um governador, há esperanças para o
petista.
O calcanhar de Aquiles desse
campo popular democrático é regional. Os partidos de esquerda e centro-esquerda
possuem grandes dificuldades de expressão eleitoral nos populosos estados do
sudeste. Em São Paulo, as pesquisas apontam que os três principais nomes da
disputa virão da direita do espectro político: João Dória (PSDB), Celso
Russomanno (PRB) e Paulo Skaf (MDB). No Rio de Janeiro, tudo indica que a disputa
será entre Eduardo Paes (DEM) e Romário (PODEMOS). Na região centro-oeste
ocorre o mesmo fenômeno. O PSDB possui, atualmente, os governadores de Mato
Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.