A pretexto de defender Michel Temer na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o criminalista Antonio
Cláudio Mariz disse estar “muitíssimo preocupado com o avanço da cultura
punitiva no país.” Ele declarou: “Pau que mata Michel, mata Lula! Pau
que matou Lula pode matar Michel!”
Falando para um colegiado apinhado de
deputados investigados, o advogado de Temer disse que a cultura punitiva
pode atingir qualquer cidadão. Foi como se o doutor avisasse: “Se
aceitarem a denúncia conta o presidente, o pau que dá em Lula e Michel
pode alcançar todos vocês.”
Lula, primeiro ex-presidente da história
condenado por corrupção, disse em São Paulo que “o Estado democrático
está sendo jogado no lixo”. O advogado de Temer, primeiro presidente da
história a ser denunciado por corrupção no cargo, se queixou em Brasília
da “cultura punitiva”. Mais um pouco e o papa Francisco vai acabar
canonizando Lula e Temer, esse par de santos perseguidos pela sanha
punitiva.
O PT de Lula e o PMDB de Temer
comandaram a sociedade partidária que promoveu o maior assalto aos
cofres públicos de que se tem notícia na história republicana. Lula,
hoje, não consegue explicar os seus confortos. Temer pega em lanças para
impedir que o Supremo Tribunal Federal o investigue.
O presidente já prevaleceu na Comissão
de Justiça da Câmara. A maioria dos deputados se rende à máxima segundo a
qual uma mão lava a outra. Eles se esquecem de que o resto continua
sujo. E o pau que dá em Lula e Michel paira sobre suas cabeças.
JOSIAS DE SOUZA